Descarbonização: oportunidades e desafios para um futuro sustentável 

“As oportunidades abundam no setor de energia e serviços públicos de hoje e, provavelmente, se abrirão à medida que o futuro se desenrolar, marcado por três tendências crescentes: descarbonização, eletrificação e descentralização.” – Deloitte Insights 

Confira o terceiro e último post da série sobre tendências no setor de energia nos próximos anos. O primeiro post foi sobre descentralização, o segundo, sobre eletrificação, e agora fecharemos com o tema descarbonização. 

 

Estrada corta floresta densa (Geranimo/Unsplash)

  

Nos últimos anos, a descarbonização emergiu como um dos temas mais proeminentes e cruciais em discussões relacionadas à energia elétrica, meio ambiente e responsabilidade social corporativa. O compromisso com a redução das emissões de carbono e a transição energética para fontes de energia mais limpas é uma preocupação para empresas e governos em todo o mundo.  

Os desafios são amplos e complexos, mas, as vantagens de gerar uma economia baixa em carbono vão mais além de melhorar a qualidade do ar, envolvendo também a geração de novos empregos e receita, entre outros ganhos para sociedade e empresas. 

O que é descarbonização? 

A descarbonização é o processo de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE), sobretudo o dióxido de carbono (CO2) na atmosfera. O termo advoga pela transição para um sistema de energia mais limpo e sustentável, apontada pela comunidade científica como elemento-chave no combate às alterações climáticas e os seus impactos negativos para o meio ambiente e para a sociedade. 

Na prática, a descarbonização é a transição de fontes de energia baseadas em combustíveis fósseis para fontes de energia mais limpas e sustentáveis, como a hidrelétrica, a solar e a eólica. Políticas de descarbonização serão fundamentais ao longo dos próximos anos, para que governos consigam cumprir a promessa do Acordo de Paris, de 2015.  

O documento substituiu o Protocolo de Kyoto, de 1997. Ele representa um chamado à ação, no qual 195 países, entre eles o Brasil, aprovaram limitar, no final deste século, o aumento da temperatura global em 2 graus Celsius em relação à era pré-industrial, e seguir com os esforços para reduzi-lo até 1,5 grau Celsius. 

Cinco caminhos para a descarbonização 

No entanto, a transição energética envolve processos complexos. Recentemente, o presidente da COP28, a Conferência das Nações Unidas sobre o clima, Sultan al Jaber, disse, em tom de desabafo, que não é possível “desligar” o atual sistema energético de forma precipitada para cumprir metas climáticas. O tema é espinhoso, mas, há uma série de caminhos para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis:

Energias renováveis: uma das tendências mais marcantes é o rápido crescimento das energias renováveis, como solar e eólica, além da elétrica. Governos e empresas estão investindo em tecnologias mais eficientes e sustentáveis para aproveitar o potencial dessas fontes de energia limpa. O Brasil é uma referência, nesse sentido. Nosso país figura em 14º lugar, entre 120 nações, no Índice de Transição Energética do Fórum Econômico Mundial, sendo o mais bem colocado de toda a América Latina, abaixo apenas de nações europeias e dos Estados Unidos e à frente de Canadá, Espanha e Austrália. Este ranking mede o desempenho e o ritmo de descarbonização dos sistemas, levando em conta fatores como segurança, confiabilidade, acessibilidade e sustentabilidade.

Armazenamento de energia: o armazenamento de energia (também chamado simplesmente de storage) desempenha um papel-chave na descarbonização da economia. A capacidade de armazenar eletricidade gerada por fontes intermitentes, como solar e eólica, é fundamental para garantir um fornecimento constante de energia limpa. Trata-se de um passo fundamental, visto que essas fontes podem sofrer desalinhamentos entre a produção de energia e o seu consumo, em parte devido às condições meteorológicas. 

Painéis solares
Painéis solares podem produzir energia renovável em diferentes ecossistemas (AdobeStock)

Eletrificação: a eletrificação de setores como transporte e aquecimento é um caminho importante para reduzir as emissões de carbono. Carros, cozinhas domésticas e sistemas de aquecimento elétricos estão se tornando cada vez mais populares e, embora essas tecnologias não sejam ainda realidade em grande parte do Brasil, há um enorme potencial. O país conta com uma alta participação de fontes renováveis em sua matriz elétrica, com um dos setores elétricos menos intensivos de carbono no mundo.

Inovação tecnológica: falando em tecnologia, a inovação nesse setor também desempenha um papel necessário na descarbonização. Isso inclui o desenvolvimento de novas soluções de captura de carbono, aperfeiçoamento de redes elétricas inteligentes, a promoção de práticas de eficiência energética e a adoção de soluções que melhorem a eficiência operacional das empresas de energia.

 

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Mudanças na indústria de combustíveis fósseis: a indústria de combustíveis fósseis está passando por uma profunda transformação, à medida que empresas reconhecem a importância de reduzir as emissões. A transição para gás natural, juntamente com a captura de carbono, está entre as principais estratégias adotadas. O gás natural é considerado uma solução transitória que pode ser programada e que produz até metade das emissões de carbono das soluções de carvão comparáveis em tamanho.

Desafios da Descarbonização 

Embora a descarbonização represente uma visão promissora para um futuro sustentável, ela não está isenta de desafios significativos, como:

Infraestrutura e investimento: a transição para fontes de energia mais limpas requer um investimento substancial em infraestrutura, que nem sempre está disponível imediatamente. É essencial o apoio de governos e investidores para financiar essa mudança de paradigma.

Barreiras regulatórias: a complexidade das regulamentações em diferentes regiões pode dificultar a expansão de energias renováveis e a adoção de tecnologias inovadoras. A Europa é o continente que tem incentivado de forma mais consistente a transição energética nos últimos anos, respaldada com objetivos e políticas regulatórias a consecução de uma economia baixa em carbono. O Acordo Verde Europeu (European Green Deal), de 2019, ratificado pela Lei Climática de 2021, forma parte da estratégia da Comissão Europeia para obter a neutralidade em carbono até 2050.

 

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Aceitação pública: nem todos os setores da sociedade estão prontos para aceitar as mudanças necessárias para a descarbonização, o que exige esforços de conscientização e educação por parte de governos e corporações. A mudança de mentalidade pode levar muitos anos.

Questões de segurança energética: a dependência de fontes de energia intermitentes, como solar e eólica, também pode criar desafios na manutenção da estabilidade e segurança do suprimento de energia. Daí a necessidade de investir em tecnologias de armazenamento.

Conscientização a respeito dos princípios ESG: a descarbonização está intimamente ligada aos princípios ESG (Environmental, Social, and Governance) que orientam a responsabilidade corporativa. Empresas que adotam práticas sustentáveis e buscam reduzir suas emissões de carbono são vistas com bons olhos pelos investidores e consumidores preocupados com questões ambientais e sociais. 

Papel do Brasil na descarbonização 

O Brasil se vê diante de uma oportunidade única, com a matriz elétrica mais renovável dentre as economias do G20: uma média de cerca de 84% segundo a Aneel, enquanto a média global atualmente é de 30%, posicionando o país em uma espécie de neoindustrialização verde. 

Vale ressaltar que a transição energética não se restringe a energia renovável, já que a eletrificação não é suficiente para atingir a neutralidade de carbono. Outras tecnologias precisam ser implantadas, como o hidrogênio verde e a cada vez mais crescente energia fotovoltaica. 

Turbinas eólicas no Ceará
Geração de energia eólica em Beberibe (CE). Foto de Vitor Paladini

Estima-se que nosso país será o quinto maior mercado de energia solar do mundo até 2032, com capacidade instalada acumulada da fonte maior que de países como Austrália e Japão, segundo projeção da Wood Mackenzie, só ficando atrás da China, dos Estados Unidos, da Índia e da Alemanha. 

Segundo dados da consultoria McKinsey, o Brasil conta ainda com um potencial de emissão de créditos de carbono estimado em 15% da demanda global, podendo atingir US$ 50 bilhões em 2030. Isso nos posiciona na liderança deste mercado, cuja regulamentação está em curso no país. 

Mudanças climáticas cada vez mais trarão o tema à tona  

A descarbonização também é um processo crucial e multifacetado para enfrentar os desafios das mudanças climáticas. As tendências mostram que, embora a transição para fontes de energia limpa esteja ganhando impulso em todo o mundo, a superação dos desafios envolvidos requer um esforço coletivo de governos, empresas e indivíduos comprometidos com a causa.  

Não se trata apenas de uma necessidade ambiental, mas também uma oportunidade para criar um mundo mais sustentável e seguro. Nos últimos meses, em especial ao longo de 2023 e no primeiro semestre de 2024, os eventos climáticos intensos como enchentes graves atípicas e letais, ao lado de secas prolongadas, chamaram a atenção de populações em diferentes partes do planeta, incluindo o Brasil, após a tragédia no estado gaúcho. 

Além disso, para ser considerada eficiente, a descarbonização ideal é aquela que consegue avançar na neutralidade em carbono com o menor custo possível. Isto é, propiciando que cada uso final da energia reduza suas emissões utilizando a alternativa mais competitiva. 

 

📌 Vale lembrar: a neutralidade de carbono é um estado de emissões líquidas zero de dióxido de carbono. Ou seja, não se eliminam por completo as emissões de carbono, mas aquelas que subsistam deverão ser compensadas (ou neutralizadas) por meios de captura de carbono, como as florestas. 

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